Tendo em conta que pretendo que este espaço seja de partilha e reflexão vou procurar que semanalmente seja adicionada uma reflexão sobre temas relacionados com a creche e o jardim de infância, bem como questões que poderão estar relacionadas com a maternidade/paternidade. Espero poder contar com a vossa partilha e discussão dos temas aqui abordados. Algumas das reflexões foram realizadas durante o 1º ano do mestrado, integradas nas diferentes disciplinas e outras poderão surgir de dúvidas, questões que surjam entretanto.
A realização destas
reflexões é pertinente na medida em que me faz reflectir sobre as questões
abordadas procurando respostas para algumas dúvidas que vão surgindo e, desta
forma enriquecendo o meu conhecimento numa área tão pouco explorada ao nível da
formação inicial. Tendo em conta, como referi
anteriormente, que a creche não é uma valência à qual se dê muita importância
no âmbito da formação inicial considero que o plano de estudos inicial deveria
ser repensado no sentido de colmatar esta grave falha. Tanto pelo que vemos e
ouvimos no dia-a-dia, como pela pesquisa que pude fazer para a realização
destas reflexões percebe-se a importância desta fase na vida futura da criança.
É nesta altura que a criança adquire e desenvolve as suas competências básicas
de linguagem e locomoção, bem como define os traços da sua personalidade ao
mesmo tempo que aprende a viver em sociedade.
Esta questão tão alargada da
qualidade das instituições de atendimento à primeira infância é tão rica e
repleta de pormenores que devemos ter em conta. Ao mesmo tempo, torna-se muito
vaga porque depende do ponto de vista de quem está a avaliar essa mesma
qualidade, que será abordada de acordo com as expectativas. Posto isto,
diferentes famílias, diferentes profissionais, diferentes estudiosos têm noções
diferentes do que seria um ambiente educacional de qualidade, apesar de poder
haver pontos em comum entre todos. Numa creche de qualidade deverá ter conta as rotinas das
crianças e a individualidade de cada uma, deve ser capar de organizar o espaço
e os materiais de modo a promover momentos de jogo espontâneo e potenciar o desenvolvimento
da linguagem do bebé. Intimamente ligado a todos estes temas está a importância
do perfil do educador, bem como a relevância da criação de laços vinculativos
com o bebé de modo a tornar a sua passagem pela creche o mais agradável e
potenciadora de aprendizagens possível. Tal como destaca Marchão (In Cadernos de
Educação de Infância nº 66) “a tarefa do
educador deve ser sempre a de aumentar a capacidade motivacional do contexto da
creche, ampliar o campo de experiências e de situações estimulantes,
diversificar as situações indutoras dos níveis de desenvolvimento: cognitivo,
afectivo/social, psicomotor”.
Considero
que ainda há muitas apostas a fazer nesta área para que a oferta possa chegar a
todos com a qualidade que procuram. Não defendo que deva ser uma educação
obrigatória, obviamente, mas deveria ser universal, ou seja deveria estar
disponível para todos com o mesmo nível de qualidade. Neste momento, as creches
estão direccionadas para apenas alguns públicos alvo: as pessoas mais carenciadas
poderão recorrer às instituições da tutela da Segurança Social; as pessoas com
mais posses recorrem às instituições privadas. No meio desta situação muitas
famílias ficam sem muitas soluções possíveis. Ao mesmo tempo defendo que se
deve investir na formação inicial pois não se compreende que, por serem bebés
de berçário não seja obrigatório o acompanhamento por um profissional
qualificado.
Espera-se
que a consciência política se sensibilize para esta situação e crie estratégias
para colmatar estas graves falhas.
Têm de certeza uma palavra a dizer enquanto pais ou profissionais...
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