Esta é sem dúvida uma questão que considero pertinente
abordar pois ainda há, para alguns pais, alguma desconfiança quando nos
referimos à brincadeira como um momento
de aprendizagem. Considero que este é um momento fundamental no jardim de
infância e obviamente num contexto de creche onde os bebés
começam a descobrir o meio que as rodeia. É nesta fase que o bebé adquire
conhecimentos acerca do seu corpo, acerca das consequências dos seus
movimentos, desenvolve a linguagem e a motricidade global, entre tantas outras
aprendizagens de extrema importância para o seu desenvolvimento. E como refere
a psicóloga Margarida Fornelos (in Cadernos de Educação de Infância nº8) “ninguém hoje põe em dúvida a importância
do jogo no desenvolvimento afectivo e intelectual da criança”. Qualquer
actividade que desperte a atenção do bebé e o faça feliz, ainda que por pouco
tempo, desencadeia no cérebro um processo que lhe estimulará a inteligência.
O bebé é, antes de tudo, um
ser feito para brincar, pois é através da brincadeira que ele se apropria da
sua realidade, expressando os seus sentimentos, medos, desejos e fantasias.
Cria o seu próprio mundo, e nele faz as suas descobertas, enfrenta obstáculos
que as fazem pensar em como e o que fazer, superando-os e partindo para novas
descobertas. Assim, as brincadeiras são formas mais originais que a criança
pequena tem de se relacionar e de se apropriar do mundo. É brincando que ela se
relaciona com as pessoas e objectos ao seu redor, aprendendo com as
experiências. O brinquedo é, então, o elo de ligação entre a criança e o mundo. Através
dele a criança comunica as suas emoções, pensamentos e conflitos. Os brinquedos
devem ser usados para brincar, para a criança manipular e explorar e não para
serem meros objectos decorativos e inacessíveis. Considero, assim, fundamental
que na creche ou jardim de infância, tal como em casa os brinquedos estejam disponíveis para que a
criança os possa procurar quando desejar. Com o brinquedo a criança aprende,
imagina, cria, comunica, ou seja, possibilita novas formas de ser e de estar.
Froebel defende que a criança aprende e se desenvolve pela auto-actividade, ou
seja pela livre exploração dos materiais e brinquedos.
Através das brincadeiras a criança terá a oportunidade de
expressar as suas necessidades, interesses e limitações pois, tal como refere
Bettelheim (1989) “a fantasia é
modificada, à medida que as limitações se tornam visíveis no desenrolar da
própria actividade lúdica, tornando-se assim um factor decisivo para uma
adaptação satisfatória e saudável à realidade, palco para a aprendizagem”. Desta
forma, reproduz as acções que absorve do meio que o circunda. À medida que
cresce vai incorporando a representação que faz da vida real, os conhecimentos
adquiridos, bem como os desejos e sentimentos. Nesse sentido, deve
proporcionar-se à criança momentos que lhe cativem a atenção e motivem a
exploração e descoberta porque elas gostam de explorar as diferentes
potencialidades dos objectos mesmo que não os utilizem para a função/finalidade
para que foram criados. É importante que possam perceber e sentir as
propriedades dos diferentes materiais: as formas, as texturas, os tamanhos e as
diferentes funções que podem ter. Brincando, a criança aumenta a sua
independência, estimula a sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a sua
cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita a imaginação, criatividade,
socializa-se, interage e, assim, constrói seus conhecimentos.
Na minha opinião, o papel do educador será o de proporcionar-lhes
novas oportunidades e novos materiais que enriqueçam as suas brincadeiras. No
entanto, é igualmente importante que seja respeitada a vontade e a motivação da
criança de forma a não forçá-la a realizar uma brincadeira que não lhe desperte
a atenção. Pontes e Magalhães (2003) referem que “é imprescindível que os professores compreendam a importância da
brincadeira e suas implicações para organizar o processo educativo de modo mais
positivo, contribuindo para o desenvolvimento das crianças”. Considero que
o educador deve aproveitar o momento de brincadeira das crianças para as observar
e perceber como reagem mediante diferentes desafios que os próprios objectos
lhes colocam. Ao observar estes momentos, o educador conseguirá detectar
algumas dificuldades ou progressos de cada um, podendo apoiar ou orientar a sua
brincadeira no melhor sentido, se o bebé assim o permitir. O importante, nesta
fase é oferecer ao bebé estímulos que possibilitem esse desenvolvimento.
Um poema muito bonito e ilustrativo da importância do brincar é de Anita Wadley. Utilizei-o com o meu grupo e depois de explorado foi colocado na entrada da sala. Foi impresso em folhas coloridas e também com letras coloridas e com imagens ilustrativas de cada quadra. As crianças iam explicando aos pais o que significava.
Acrescento um texto publicado no blog Estimula Kids acerca do brincar e do brinquedo ideal para crianças de dois anos.
Um poema muito bonito e ilustrativo da importância do brincar é de Anita Wadley. Utilizei-o com o meu grupo e depois de explorado foi colocado na entrada da sala. Foi impresso em folhas coloridas e também com letras coloridas e com imagens ilustrativas de cada quadra. As crianças iam explicando aos pais o que significava.
Acrescento um texto publicado no blog Estimula Kids acerca do brincar e do brinquedo ideal para crianças de dois anos.
E vocês... o que pensam sobre este tema?
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